CONVERSA 2
Você já
deve ter pensado nisso, então vou tentar usar suas palavras: fração
é a representação numérica de uma parte, um pedaço.
Como
assim?
Bem, vou
usar um exemplo simples: você e um amigo vão a uma “baiuca”
comprar um lanche; pra variar, nenhum dos dois tem o dinheiro todo
pra pagar a conta, então tem a ideia brilhante de repartir
“metá-metá” - cada um paga a metade do prejuízo. Assim,
matematicamente escrevemos que o gasto de cada um pode ser
representado por ½ (um sobre dois ou um meio).
Epa!!!
“Mas eu
paguei R$ 2,50! que papo é esse de ½?”
Calma,
“elemento”... vou explicar.
A fração
½ só quer dizer que cada uma das duas pessoas pagou uma parte.
Vamos
pensar em outra coisa: há pessoas que gastam muito, não é verdade?
Talvez você até conheça alguém assim; há pessoas que comprometem
até 2/3 de sua renda mensal com contas do cartão de crédito (inda
bem que nem cartão eu tenho). O que esse 2/3 quer dizer?
Quer
dizer que se nós “quebrarmos” a renda mensal dessa pessoa em
três partes, perceberemos que ela gasta duas partes só com o cartão
de crédito, ficando portanto com apenas uma parte para as demais
despesas. Aí você pensa: “bem, depende se ela ganha muito ou
pouco”. De certo modo, você até que está certo, mas a vantagem
da fração é que não importa se a pessoa ganha muito ou pouco; a
fração “não se preocupa” com o valor que está em discussão.
Ela representa uma informação mais geral, mais completa.
Confundiu?
Veja só:
Suponha
que uma senhorita chamada Caroline ganhe R$ 3000,00 e outra chamada
Amanda ganhe R$ 1500,00, mas ambas tem a mesma despesa no cartão de
crédito, quer dizer, ambas “torram” 2/3 de sua renda no cartão
de crédito.
Ora, se
quebrarmos a renda de Caroline em 3 pedaços, veremos que dá 3
pedaços de R$ 1000,00 cada, e concluímos facilmente que ela gasta
R$ 2000,00 com o cartão; já a nossa colega Amanda gasta os mesmos
2/3, embora eles só representem R$ 1000,00 (repartindo a grana da
Amanda em 3 partes, teremos três partes de R$ 500,00, não é? Ela
gasta duas partes de R$ 500,00, ou seja, R$ 1000,00; entendeu?)
Já é
possível perceber que, numa fração, a parte de baixo indica em
quantas partes o inteiro (o valor total em questão, seja um salário,
uma dívida, etc) foi “quebrado” ou repartido, e a parte de cima
indica quantas partes são utilizadas.
Sendo
assim, ½ quer dizer que usamos uma parte de duas disponíveis e 2/3
quer dizer que usamos duas partes de três disponíveis.
O número
de baixo é chamado DENOMINADOR, pois é ele que ajuda a dar um nome
pra fração; o número de cima é chamado NUMERADOR, pois indica
quantas partes nós pegamos do inteiro.
Meio
confuso começar de baixo para cima? Então vamos reescrever: o
número de cima chama numerador e o de baixo chama denominador; ok?
Sempre
que o número de cima é menor que o de baixo, temos uma fração
PRÓPRIA, pois ela representa um pedaço “de verdade”, uma porção
menor que o inteiro.
Como
exemplo, podemos escrever 12/29, 15/47, 2/5 e assim por diante.
Perceba que em todas elas nós sempre pegaremos uma quantidade menor
do que aquela em que o inteiro foi repartido.
“Epa!!!
e desde quando é possível pegar mais pedaços do que os que o
inteiro foi repartido?”
(Danou-se...
vou explicar...)
Vamos
para o velho exemplo da barra de chocolate. Suponhamos que duas
meninas (não feias, de preferência) estejam sentadas próximas a
quadra de esportes de seu colégio, ambas com o alimento preferido
das meninas... chocolate, é claro! As barras de chocolate são
aquelas que tem divisões em tabletinhos (não sei bem o porquê dos
tabletinhos, uma vez que nossa mordida não é quadradinha, mas não
vem ao caso agora); nas barras de nossa questão, são 27 tabletinhos
em cada barra (existem sim, pois eu vi no Google!). Para apimentar
nossa história, vamos por um pouco de romance. As meninas são xica
e zefa (com minúscula mesmo, pois é apelido e eu to com preguiça
de usar maiúscula). Cada uma está com uma barra de chocolate de 27
tabletinhos. Afoitas, elas desembalam as barras e zefa começa logo o
seu “serviço”, detonando sua barra; já a xica se distrai
olhando (e suspirando) pro zé; depois de muitos suspiros, ela cai na
real e descobre que a morta de fome da zefa já atacou até a barra
que estava na mão dela (da xica).
Ao todo,
zefa devorou 40/27 das barras de chocolate.
“Égua!!!
espera aí! Mas cada barra é representada por 27/27; como é que a
zefa devorou 40/27?”
Bem, da
própria pergunta já da pra sacar a resposta. A esfomeada da zefa
devorou os 27 tabletinhos da barra dela (ou 27/27) e ainda 13
tabletinhos (13/27) da babona da xica (27 + 13 = 40).
Você já
percebeu que pra frações assim a gente precisa de um inteiro
(completo) ou de mais de um inteiro. Frações assim são chamadas
IMPRÓPRIAS.
Como
exemplo, temos 27/27, 40/27, 9/4, 16/8 e assim por diante.
Importante
lembrar: há um caso especial de frações impróprias, as chamadas
frações APARENTES (quer dizer, na verdade elas são inteiros
disfarçados de frações); ocorrem quando o numerador (o de cima) é
múltiplo do denominador (o de baixo). Em outras palavras, fração
imprópria é aquela em que a divisão do de cima pelo de baixo dá
sempre um número “redondo” (não, não to fazendo comercial de
cerveja).
Como
exemplo, temos 8/8 (= 1), 24/3 (= 8), 8/4 (= 2) e assim por diante.
Lembre
também que é possível representar qualquer número inteiro por uma
fração de denominador 1; quer dizer, podemos escrever 5 como 5/1,
por exemplo.
Já ouviu
falar de fração equivalente? São aquelas que representam o mesmo
valor, embora sejam escritas com números diferentes.
(“Entendi
foi nada...”)
Calma.
“Nóis” explica.
Como
exemplo, vamos usar as frações 5/4 e 15/12; se você dividir 5 por
4 encontra 1,25; se dividir 15 por 12 encontra também 1,25.
Portanto, dizemos que as frações 5/4 e 15/12 são EQUIVALENTES.
Outros
exemplos seriam, dentre muitos, 2/3 e 4/6, 18/30 e 3/5 e assim por
diante.
Uma outra
coisa muito útil a respeito das frações é uma coisa chamada
SIMPLIFICAÇÃO; o nome é grande, mas a operação é muito simples.
Simplificar uma fração é “emagrecê-la” ou seja, escrevê-la
na forma irredutível.
“Mas,
como é que simplifica uma fração? Peraí! Já sei! Simplificar é
escrever de modo mais simples, certo?”
Certo!
“Então,
se eu tiver a fração 13/23, eu 'corto' os números 3 e escrevo ela
bem simples, como ½. Que tal?”
Olha, a
tentativa foi muito boa; meus parabéns. Eu estou abismado com a
dedução, mas temos que esclarecer algumas coisas.
Primeiro,
uma fração simplificada é sempre uma fração equivalente àquela
que lhe deu origem.
Segundo,
a maneira correta de simplificar uma fração exige realmente um
“corte”, mas ele é feito usando uma DIVISÃO.
“Como
assim?”
Bem, você
precisa ter um número que consiga dividir, ao mesmo tempo, tanto o
numerador como o denominador.
Perceba
que, no exemplo proposto 13/23, não há nenhum número capaz de
dividir o 13 e o 23 ao mesmo tempo. Sendo assim, dizemos que a fração
13/23 já está na forma irredutível (quer dizer, que não pode ser
reduzida, ou não pode mais ser simplificada).
Veja,
como exemplo, a fração 15/60; os divisores comuns de 15 e 60 são
(descontando o 1, é claro) 3, 5 e 15; você pode fazer a
simplificação por 3, e terá a fração 5/20. No entanto, você
pode perceber que essa última fração ainda pode ser simplificada
(por 5, obviamente), chegando então a ¼.
Portanto,
uma sugestão é que, ao invés de ir simplificando pedacinho por
pedacinho, você encontre logo (se possível) o maior divisor comum
entre os dois números; isso vai simplificar o trabalho.
Mas é
claro, se você acha mais seguro ir mais devagar, não tem problema;
mas lembre-se que é preciso deixar a fração na forma irredutível.
Como
exemplo temos a fração 16/40; os números que dividem tanto 16
quanto 40 ao mesmo tempo são 2, 4 e 8; então, é melhor dividir
logo tudo por 8 e chegamos a 2/5, que é irredutível.
Bem,
espero que a gente tenha se entendido até aqui.
Como a
conversa já tá muito longa, vou parar por aqui; fico te devendo uma
conversa sobre operações com frações, tá bom?
(Texto
criado em 02 de abril de 2012, segunda-feira; ordem dos tópicos inspirada na seção Instrumental Matemático, do livro Estatística Fácil, de Antonio Arnot Crespo, pág. 176 e 177, Editora Saraiva).
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