quarta-feira, 17 de outubro de 2012

TRIGONOMETRIA ARCOS CÔNGRUOS


CONVERSA 13

Partindo do princípio de que você já sabe localizar pontos no ciclo trigonométrico (quer dizer, localizar as extremidades dos arcos), vamos esclarecer algumas idéias a respeito dos arcos côngruos e a famosa primeira DP.

Na nossa conversa você deve entender que arco da primeira volta é qualquer arco que está entre 0° e 360°; passou disso, ele pode ser um arco de segunda volta, terceira volta e assim por diante.
Sendo assim, qualquer arco maior que 360° (ou 2π rad) já não está mais na primeira volta.


Todo arco tem uma origem (por convenção, no eixo horizontal) e uma extremidade; os arcos são desenhados no sentido anti-horário (o sentido contrário ao do movimento dos ponteiros do relógio).
Me acompanha até aqui?
Pois agora é que a coisa começa.

Como os arcos são desenhados sobre a circunferência, quanto maior o arco for, mais voltas teremos que dar na circunferência de modo a chegar na extremidade desse arco.
Não entendeu? Vamos dar um exemplo.

Pense no arco de 2325°; bem grande, né? Quantas voltas completas temos que dar pra desenhar esse arco todo?
Bem, só precisamos descobrir quantos pedaços de 360° existem dentro de 2325°, e a melhor maneira de fazer isso é dividindo (não se preocupe; só vamos trabalhar com números naturais).
Assim, 2325° : 360° = 6, e temos um resto de 165°.
Portanto, são necessárias 6 voltas completas em torno da circunferência e mais 165° extras, pra desenharmos todo o arco de 2325°.
Vamos supor que você chegou no meio da história e só viu a gente marcando a extremidade do arco de 2325°; não sabe que a gente passou o lápis 6 vezes ao redor da circunferência.
Pra você, é como se estivéssemos apenas marcando o arco de 165°, não é mesmo?

Pois bem; como 2325° e 165° têm a mesma extremidade (embora o 2325° esteja na sétima volta e o 165° esteja na primeira), eles são ditos CÔNGRUOS. É importante lembrar também que na diferença entre eles aparece uma quantidade exata de voltas completas.

Em outras palavras, se dois arcos são côngruos:
(a)    Eles sempre terminam no mesmo lugar, sobre o ciclo trigonométrico;
(b)   Dentro do maior sempre haverá uma certa quantidade (inteira) de voltas completas;
(c)    O excedente das voltas completas (o resto da divisão) será chamada A PRIMEIRA DETERMINAÇÃO POSITIVA DO ARCO em questão.

Mas que resto de divisão, e que história é essa de primeira determinação positiva?
Olhe só; fizemos agora há pouco a divisão de 2325° por 360°;  conseguimos 6 voltas completas e ainda sobrou um arco de 165°, não foi?
Esse bendito 165° é a “sombra” do 2325° lá na primeira volta. Se você não souber nada a respeito das 6 voltas que temos que dar para desenhar o arco de 2325°, você vai pensar que nós apenas desenhamos o arco de 165°.
É como se o arco de 165° fosse um “ancestral” do 2325°, quando este ainda “estava na primeira volta”. Compreeende a história?

Sendo assim, chamamos o 165° de primeira determinação positiva (1ª DP) do arco de 2325° (podemos trabalhar também a primeira determinação negativa, com um raciocínio semelhante).
Podemos reescrever a divisão assim, usando o algoritmo de Euclides:
2325° = 6 . 360° + 165°; entende?
Antes de irmos para radianos, deixo aqui mais um exemplo. Encontre a primeira DP de um arco de 580°.
Simples, né? A primeira DP é 220°. Entendeu por quê?

Você pode estar pensando: “mas com graus fica uma garapa! Quero ver é fazer isso com radianos; aquele monte de pi pra todo lado...”.
Vamos começar com um exemplo, tá bom?
Encontremos a primeira DP dos arcos (em radianos) 9π/2, 17 π/4, -23 π/4, -13 π/5.

Há muitas maneiras de resolver isso; vamos ver algumas.
Primeira maneira: transforme em graus, ache a primeira DP e transforme-a em radianos, de novo, pra dar a resposta.
Assim, 9 π/2 rad = 810° = 2 . 360° + 90°; a primeira DP é 90°, que podemos escrever π/2 rad.
Só isso.

Segunda maneira: abrir o arco em uma soma, de modo que uma das parcelas seja um número par (o maior possível).
Assim, 17 π/2 rad = 16 π/2 + π/2 = 8 π + π/2; como 8 é um número par (o maior possível nessa situação), podemos garantir que π/2 rad é a nossa primeira DP.
Qual foi a macumba?
Sabemos que o 8 π é o mesmo que 4 . 2 π, quer dizer, 4 voltas completas; portanto, fica fácil aceitar que o que sobrou (π/2 rad) é a nossa 1ª DP; beleza?

E quando aparecem os arcos negativos?
Seguinte: -23 π/4 = - 1035° = (- 2) . 360° – 315° (sim, - 315°, pois o resto dessa divisão também é negativo.
Repare que nós dividimos por 360°, sem nenhum caqueado de sinal; o (-2) indica duas voltas no sentido horário, que é o negativo no ciclo trigonométrico. Podemos reescrever a coisa assim: - 1035° = 2 . (- 360°) – 315°.
Agora, é só localizar esse arco de -315° e depois lê-lo no sentido positivo.
Podemos verificar que, no sentido negativo, esse arco de -315° está no que seria o quarto quadrante negativo, bem no meio desse quadrante; nós sabemos que esse é o primeiro quadrante no sentido positivo, e que o -315° coincide com o +45°; sendo assim, a 1ª DP é π/4 rad.
Parece meio confuso, né?

Pra simplificar (será?), podemos dizer que a primeira determinação NEGATIVA de -1035° é o arco de -315° (-7 π/4 rad), ou que a 1ª DP é π/4 rad.

Vamos tentar mais uma, pra ver se você consolida o que entendeu até aqui?
O tal do -13 π/5 pode ser resolvido assim: -13 π/5 = -10 π/5 - 3 π/5 = -2 π - 3 π/5.
Podemos escrever assim, pra ficar mais claro: -13 π/5 = (-1).2 π - 3 π/5.
Daqui, percebemos que é dada apenas uma volta (no sentido negativo) e avança-se 3 π/5 rad. Podemos então nos concentrar no -3 π/5 rad e ver que ele está no segundo quadrante negativo, que na verdade é o terceiro positivo; ainda mais, ele corresponde ao arco de 7 π/5 rad. Este, então, é a nossa 1ª DP.

Pareceu meio confuso? Muita informação? Leia de novo, com muita calma, rabiscando; você vai conseguir entender, pode ter certeza.

Pra terminar, vamos falar de expressão geral dos arcos côngruos.
Você usa a expressão geral quando quer determinar uma “fórmula” que lhe permita “adivinhar” todos os arcos côngruos a um arco dado.
Não entendeu? Vamos explicar.

Tomemos como exemplos os arcos com os quais já trabalhamos até aqui.
A expressão do arco 2325° foi: 6 . 360° + 165°; já para a expressão geral vamos generalizar a quantidade de voltas, para um valor inteiro k, e podemos escrever assim:
A expressão geral dos arcos côngruos a 2325° é k . 360° + 165°, com k pertencendo aos inteiros (conjunto Z).
Podemos também dizer que essa é a expressão geral dos arcos côngruos a 165°.
Extremamente simples, não é?

Mas qual a importância de saber a expressão geral dos arcos côngruos? Ora, com ela é possível descobrir todos os arcos côngruos a um arco dado. Por exemplo:
Fazendo k = 0 (nenhuma volta) na expressão geral de 2325°, temos que sua primeira DP é 165°; fazendo k = 1 (1 volta), descobrimos a segunda DP, que é 525° e asssim por diante; ao fazermos k = 6, teremos o próprio arco de 2325°. Entende agora?

Já a expressão de 9 π/2 é escrita assim: k . 2 π + π/2, com k inteiro. Para k = 0, achamos a 1ª DP e assim por diante.
Importante: k inteiro quer dizer que você não pode usar um k do tipo 1,5; ou é 1 ou é 2; esse k é uma quantidade inteira de voltas completas. Beleza?

Ainda, para -23 π/4 teríamos k . 2 π – 7 π /4; fazendo k = 0 teríamos a 1ª DP (depois de transformar o -7 π/4), que é π/4.
Ao que tudo indica, pra evitar essa transformação do arco negativo para o positivo, e achar direto a primeira DP, basta fazer logo k = 1.
Como já deve ter percebido, para -13 π/5 teremos k . 2 π - 3 π/5.

Por fim, você deve estar pensando por que eu escrevi k . 2 π, ao invés de 2k π, como vem nos livros.
Simples! Primeiro, porque eu quero (menino bruto!!), e também porque fica mais simples de entender qual é o significado do k; acredito que os livros trazem 2k π apenas para ficar mais fácil de pronunciar.

Terminamos por aqui; caso restem dúvidas, releia tudo de novo, com muita calma, rabiscando os exemplos.
Se a dúvida persistir, deixe-a nos comentários ou mande por email (ver página “Contato”) ou deixe na nossa página no facebook, valeu?

Estude bastante; estarei orando pra que você detone! Sucesso!!

Escrito por Osvanildo Alves em 20 de junho de 2012.
Caso queira copiar, favor citar o autor ou o blog.
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3 comentários:

  1. Professor, muito obrigado por essa explicação. Está muito clara e dá para compreender perfeitamente. Eu consegui entender tudo.

    Ubiraci

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  2. olha você esta de parabéns..muito bem explicado.bem melhor que minha professora.obrigada

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  3. Defacto o conteúdo esta bastante claro

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